Black Alien no palco do Circo. |
Black Alien parece um cara iluminado, tanto pelas letras simples, humildes e riquíssimas ao mesmo tempo, quanto pela forma serena como canta, que traz uma certa tranquilidade a quem ouve, como se estivesse ouvindo um professor. Dá vontade de apenas escutar o que ele tem a dizer. E tem muito, em todas as letras. O CD mais recente de Gustavo, Babylon By Gus Volume II, No princípio era o verbo, mostra um cara maduro, cheio de ideia boa, recuperado (Black Alien sofreu para se livrar do alcoolismo, para quem não sabe), que sabe o que quer dizer em cada momento.
Black Alien vai na água enquanto sabotinha canta |
Sabotinha e Tamires (filhos de Sabotage) no palco |
Mas vamos ao show: Gustavo entrou no palco por volta das 2h da manhã, mas nem tanto, porque um pouco antes já tinha dado uma bola no show da Família Sabotage, que contou com as ajudas de MR Bomba, DBS e do produtor Tejo Damasceno, além, é claro, dos filhos do Sabotage, Wanderson Sabotinha e Tamires. Os herdeiros do Maestro do Canão cantaram alguns hits do pai no palco do Circo, como Um bom Lugar, Canão Foi Tão Bom e foram ovacionados. No final do show ainda tive a honra de poder chegar e trocar uma ideia com o Sabotinha, um moleque muito tranquilo, humilde, que o tempo todo parecia muito agradecido por tudo que estava vivendo ali.
Um pouco depois, Black Alien entrou no palco, sem muito misancene, e começou a enfileirar músicas do novo disco e hits do consagrado Babylon By Gus volume 1, quando a galera se empolgava mais. Os momentos altos do show foram "Segunda Vinda", "Babylon Bay Gus", "Homem de Família" e "Perícia na Delícia". Gus interagiu bem com o público, contou a história da música "O Estranho Vizinho da Frente", e regeu a plateia como se fosse uma orquestra no refrão de "A segunda vinda".
Uma experiência que também não tem como deixar de falar é a interpretação simultânea das letras do Black Alien na linguagem de sinais. O cara é simplesmente absurdo, e presta um serviço essencial para pessoas com deficiência auditiva. Chega a emocionar o quanto o cara se entrega ali em cada música, a rapidez e a sagacidade para cantar um RAP em linguagem de sinais. Não sei se tinha alguma pessoa com deficiência auditiva no show, mas se tinha, com certeza ela pôde se sentir um pouco mais independente e feliz.
Linguagem de sinais para deficientes auditivos (no canto direito do palco) é um diferencial do show do Black Alien |
Também por esse momento, Black Alien mostrou com esse show, esse CD e essa turnê, que é hoje um cara sem ressentimentos (pra quem acha que tem alguma treta com D2, ele falou com muito carinho do Marcelo), sem traumas, e muito cabeça boa. Isso reflete nas letras, nas músicas e na vibração leve do show. Que a lírica bereta continue firme e forte.